Diário de bordo - Eurotrip - Dia 17 - Hamburgo - Era glacial


Acordamos bem cedo e o termômetro marcava -4 graus, temperatura ideal para você sair batendo perna pela rua. Certo?
                Tomamos nosso café da manhã e Hugo nos levou para a rodoviária, para pegarmos nosso ônibus. Enquanto íamos de ônibus, ele pegou um trem, para nos encontrar lá.

                Eu ganhei um prêmio de pessoa mais azarada em transportes públicos, pois dessa vez sentei ao lado de um cara, que esse sim, tinha o recorde de pessoa mais fedorenta do mundo. Esse era sujo, imenso e roncava até acordado – coitado, acho que ele tinha um grave problema respiratório. Ele era muito fedido. Tentei cochilar, mas ao ver que eu dormi ele começou a tirar selfie comigo, percebi, mas fiz de conta que ainda tava dormindo, pois eu não conseguiria brigar com ele em uma língua que ele compreendesse. Para completar o sujeito começou a soltar gases, MUITO, MAS MUITO FEDIDOS. Comecei a fazer ânsia de vomito, muita, meus amigos me jogaram uma sacola e ele percebendo que havia sido por causa dos seus gases, levantou e saiu.
                Quando chegamos em Hamburgo o nosso ônibus foi parado, revistado, todas as malas passaram pelo raio x, pegaram nosso passaporte. Parece que eles receberam alguma denúncia e procuravam por algo. Hugo também já havia chegado e estava a nossa espera, assim que fomos liberados saímos e nem esperamos para ver o desenrolar da história, pois já tínhamos perdido uns 40 minutos.

                Antes de começarmos o tour fomos em busca de um café, para nos esquentarmos, pois a temperatura permanecia 4 graus abaixo de zero. Estávamos passando menos frio do que no dia anterior, pois tínhamos colocado pelo menos mais uma camada de roupas, só assim evitaríamos a hipotermia.

                Foi nessa cafeteria que Eva Schneider esteve muito presente. Aquela ideia do “The new adventures of Eva Schneider” foi muito comentada. Escolhemos nomes para personagens, pensamos em enredos e sai dali com muitas ideias, que não vejo a hora de ter tempo para colocar no papel.
                Saindo dali nos encantamos com os canais formados pelo Rio Elba e já iniciamos a sessão de fotos, seguindo para a prefeitura.

A Rathaus é prefeitura da cidade e fica em uma região muito central, ideal para conhecer a pé. Em volta do prédio há várias ruas cheias de lojas e comércios. O prédio da prefeitura em si é lindo, cheio de mínimos detalhes decorativos e com uma torre central no edifício.
Dali fomos caminhando até o porto e desfrutando da paisagem. Hamburgo é a segunda maior cidade da Alemanha e foi dessa cidade que a maioria dos imigrantes alemães partiram em busca de uma vida melhor. Queria ter mais tempo ali, para poder realizar algumas pesquisas para a minha dissertação, que trata exatamente da cultura Alfredense, criada a partir da cultura trazida pelos imigrantes.

No caminho passamos pela Casa de Opera a Elbe Filarmônica, recém-inaugurada (janeiro/2017) Elbphilarmonie e que já virou um clássico em Hamburgo. Presente em tudo quanto é fotografia o edifício é atraente e moderno. Foram anos e milhões de euros gasto na construção. O prédio é formado por duas partes. A base é um antigo galpão portuário, o Kaispeicher A, que ganhou reforços na estrutura para suportar o moderno edifício envidraçado no topo.
                No porto, Eva entrou em pauta mais uma vez, posando para uma foto, onde cerca de 100 anos atrás ela embarcou no navio que a trouxe para o Barracão. Quando escrevi essa história eu não pensava que teria a oportunidade de conhecer Hamburgo tão cedo. Foi uma experiência marcante. Adorei.

                O frio estava apertando, muito vento no porto, então resolvemos ir em busca de um restaurante para almoçar. Encontramos um Italiano, que estava com uma promoção, qualquer massa, ou qualquer pizza por 6 euros. Um achado. A comida era uma delícia e foi o menor valor que pagamos em uma refeição durante toda a viagem. Mais barato até mesmo que no MC.

                Saindo de lá tínhamos a intenção de ir até um antigo campo de concentração que ficava nos arredores da cidade, mas não teríamos tempo. Então decidimos passear pelo porto.
                A extensão do porto da cidade é incrível e é uma das melhores pedidas para dar um bom passeio. Há escadarias, uma estrutura muito bem preparada para as pessoas caminharem, correrem ou simplesmente observarem o movimento portuário.
                Depois passeamos por uma rua semelhante ao Ligth District de Amsterdam, cheio de prostibulo e sex shops, entramos em alguns e vimos objetos muito esquisitos. De lá partimos para perto da rodoviária, já que não existia mais muito para fazer, já que estava anoitecendo.

                Visitamos algumas lojas de sapatos, depois paramos para um chopp, matando tempo antes de pegar o trem. Dessa vez fui sozinha no banco, graças a deus sem nenhum fedorento ao meu lado.
                Chegando em Bremen, passamos no mercado, para comprar produtos para que o Hugo cozinhasse um strogonoff delicioso. Após a janta ficamos conversando com a Dorian -, holandesa que também mora na república do Hugo. Aliás a mesca cultural daquela casa é enorme, tem gente da Holanda, Malásia, Tanzânia e Brasil.
                Após a janta fomos assistir “A rapariga que roubava livro”, digo “A menina que roubava livros” e a experiência de assistir um filme daqueles na Alemanha foi fantástica. A escolha não poderia ter sido melhor, eu nunca tinha assistido o filme – provavelmente nunca mais assista, pois praticamente morre todo mundo.

                O sentimento que tenho perante extremismos como o do nazismo é de profundo repúdio, não da para entender como um ser humano – vários no caso – consegue pensar que matar alguém por causa da sua raça, cor ou credo pode ser algo correto. Me dói muito pensar em todas as pessoas que morreram por uma guerra que não era delas, muitas vezes sem nem ao menos saber qual era o objetivo da luta. Enfim, chorei de soluçar, e agora não estou sendo a Carol exagerada e sim, falando exatamente o que aconteceu.
                Minha última noite na Alemanha, foi marcada pela indignação, pelas guerras no passado. E pela esperança... a mesma esperança e força que fez com que os alemães reconstruíssem suas cidades e levassem a vida em frente, apesar de muitas vezes carregarem no coração a falta, a saudade e dor por ter perdido alguém de forma tão cruel.

                A Alemanha me surpreendeu, pela sua organização e beleza. Pela hospitalidade de seu povo disposto e trabalhador. Quero voltar!

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