Diário de bordo - Eurotrip - Dia 9 - Paris - Comemorando o ano novo em Paris


A chegada em Paris não poderia ser pior. A rodoviária era imunda, fedia muito a xixi, não existiam bancos para que a gente ficasse sentados, já que eram 5:30 da manhã e o nosso apartamento só ficaria disponível à partir das 11:30. Como não tínhamos para onde ir com as malas resolvemos que ficaríamos por ali até perto da hora de nos dirigirmos para casa. Foram horas horríveis. Sentamos no chão e para nos protegermos do frio pegamos casacos de dentro das malas para nos taparmos. Fizemos uma barricada de malas e amontoados dormimos por alguns minutos. 
Existiam muitas pombas por lá, que nos acordavam. Para finalizar resolvi pôr o meu diário de bordo em dia, mais ou menos no momento que um cara pediu para ficarmos de olho na mala dele. Sim, caímos nessa.... Perigo de ter drogas lá dentro e a polícia nos prender, achando que era nossa, mas isso não aconteceu. Foi nessa rodoviária que tivemos uma boa surpresa, pois foi ali que recebemos a notícia de que nossas multas das bicicletas seriam estornadas do cartão. Estávamos 164 libras menos pobres! Eu e Bárbara estávamos dormindo, quando Alvas gritou “Não vão nos cobrar as bicicletas”, eu meio dormindo pensei: “O que esse guri quer com mais bicicletas”, mas logo entendi que era a notícia que tanto aguardávamos. Foi lindo. 
                Quando deu a hora pegamos um táxi até nosso apartamento – taxista muito grosseiro, dissemos obrigada e ele virou as costas e saiu. Encontramos uma pracinha super acolhedora e um lugar onde vendia pizza e outros lanches. Comemos lá, apesar de não conseguir entender direito os sabores das pizzas. Depois ainda ganhamos um chazinho árabe, já que o dono do estabelecimento era mulçumano.

                Foi quando comecei a falar tudo em: “Bla blo bli bluuu”, ridículo, mas eu achava muito engraçado, esse meu fake francês.
                Uma amiga da anfitriã nos apresentou o flat e ele parecia bem bom, amplo e limpo e com camas que pareciam maravilhosas. Decidimos que íamos dormir um pouquinho até Gui e Ana chegarem. Deitei em uns 2 minutos estava em um sono profundo. Mais dois minutos e eles mandaram uma mensagem avisando que haviam chegado.

                O Gui e a Ana são nossos amigos de longa data, desde o tempo da faculdade. Gui estudava comigo e com o Alvarino e agora está morando em Amsterdam – pois alguém tinha que se dar bem na vida. Aproveitando a proximidade chamamos eles para passarem o ano novo com a gente em Paris. Eles foram.

                Era dia 31 de dezembro e logo precisamos nos arrumar para ir até a Torre, local que ansiávamos conhecer e o escolhido para a chegada de 2018. Antes fomos até o mercado comprar alguns mantimentos e bebidas, para nossa estadia na capital francesa. O Gui como um agora “praticamente” europeu, escolheu as melhores cervejas para que provássemos, levamos também vinho e champenhes e ele pagou a conta, já que ganha em euros. Hahaha
                Tomamos banho – alguns com água quente, não todos – e fomos rumo a torre. Ao sair da estação, o maps do Alvarino nos mandou para a direita, fomos, olhávamos para o céu em busca da torre, mas nem sinal dela. Resolvemos ir para o lado oposto e quando nos deparamos com aquele enorme monumento, foi um momento que será inesquecível.
                A torre é absolutamente linda, imponente, soberana, elegante... poderia ficar aqui mais algum tempo enumerando adjetivos e nem assim conseguiria demonstrar o quanto a torre me impressionou naquele momento.

                Ficamos ali no Trocadero – onde Hitler tem uma foto, observando suas tropas -, tiramos muitas fotos, algumas delas bem “blogueirinhas” e todas elas lindas, pois a luminosidade da torre dava um toque especial nas fotos. Descemos para tirar mais fotos. Comemos um daqueles tradicionais creps, cheios de nutella – deliciosos – e voltamos para o Trocadero. Como o tempo parecia estar parado, faltavam mais de duas horas para a meia noite. Encontramos um barzinho para esperar dar a hora, tomamos uns chopps, fomos ao banheiro e mais perto do momento da virada, voltamos para junto da torre.
                A meia noite a torre piscou – como faz a cada hora – e, FIM. Nenhum foguetinho, nada. A gente deveria ter ido ver o filme do Pelé. Foi muito decepcionante. Dizem que os fogos foram cancelados por ameaçada de atentado terrorista, enfim, o jeito foi voltar para casa. Mas quem disse que seria fácil.

                Era 00:03 quando todo mundo resolvemos que iria voltar para casa, de metrô. Fomos na estação de qual saímos e estava fechada. A próxima também. Na rua um tumulto generalizado, gente chutando carros, se empurrando, polícia passando com sirenes ligadas, ambulâncias, policiais, cavalos, cachorros, uma loucura. E nós ali no meio, sem saber direito o que estava acontecendo.
                Não comentamos na hora, mas enquanto esperávamos, cada um discretamente procurou nos sites de notícias, sobre atentados que poderiam ter acontecido em Paris naquele momento. Existia essa tensão no ar, mas graças a Deus, não aconteceu nada disso. Era apenas aquele tumulto básico, semelhante ao que passei no Rio na virada de 2012.

                Quando finalmente conseguimos entrar no metrô, mais de uma hora e meia depois, ainda levei um mega esporro de uma mulher que trabalhava lá. Eu não entendi o que ela falou, ela achou que eu estava reclamando e falou algo que também não entendemos, aos berros, quase me batendo, ao que respondi “I don't understand you”, e quase chorei.
                Dentro do metrô ficamos no mesmo vagão que uma turma estranha, com cara dos 40 ladrões do filme do Aladin. Que estavam bebendo, dançando e derrubando cerveja. Tentaram mexer comigo, mas não dei muita trela. Porém estava com medo de estourar uma briga e eu ficar no meio dela. Quando trocamos de metrô tínhamos como companheiro de viagem um mendigo, deitado nos bancos, que também concorria pelo recorde de dias sem banho e carniça.

                Foi uma odisseia chegar em casa. Erramos a estação e também descobrimos de uma forma bem peculiar porque as ruas de Paris têm aquele cheiro de xixi.  Chegamos era quase 3 horas, não queríamos saber de nada mais, além de nossas camas.
                Nosso 2018 começou muito tumultuado.


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2 Comentários

  1. Hehe, tiveram sorte de não encontrarem uns ratões, bem nutridos, às margens da torre Eiffel. Infelizmente, em Paris, a história e a beleza da arquitetura da cidade, competem com o mau cheiro da cidade(muito lixo e chepas de cigarros nas ruas), o mau humor dos franceses e o mal atendimento nos estabelecimentos(dos franceses), os preços altos, os muitos mendigos e refugiados nas ruas sem amparo, os arruaceiros...; Um lugar a ser conhecido somente. O que mais me decepcionou, foi a insignificância que os franceses dão a praça da queda da bastilha, um ícone da história, marco da divisão era moderna e contemporânea, símbolo da revolução francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) e no lugar simplesmente não tem nada.

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  2. Estive em Paris no mês de maio comemorando 5 anos de casamento.
    Comemoramos nossa bodas de madeira.
    Não tinha destino melhor e mais romântico pra se comemorar aniversário de casamentos.
    Super recomendo.

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