Garopaba Parte IV


Bom, Garopaba é uma daquelas cidades que quando mais você visita, mais você se apaixona, é incrível, a cada viagem temos nossa nova “melhor viagem pra Garopaba” e a deste ano não poderia ser diferente.
Mais uma vez escolhemos o feriado de Páscoa para visitar a capital catarinense do Surf. Algumas diferenças pontuam essa edição da viagem, a mais triste delas é que pela primeira vez não tivemos escondidinho, mas a falta do escondidinho foi compensada pela presença de Flávio e Fim, amigos de Paula e Aline que tive o prazer de conhecer nesse feriado.
Na quinta-feira à tarde fui para Floripa e lá encontrei Flávio e Fim – que eu ainda não conhecia – e juntos fomos para Garopaba. Eu estava bem apreensiva pelo encontro, pois já tinha ouvido falar muito no Flávio e mesmo sem o conhecer sabia que ele era uma pessoa legal, então fiquei com medo da minha maldição – das pessoas não gostarem de mim no primeiro contato – se concretizar.
Chegando em Garopaba fomos fazer compras e depois comer algo e tomar algumas cervejas para aguardar as gurias. Paramos no Bar Cabocla e lá ficamos papeando e as aguardando. É muito fácil encontrar assunto com pessoas que se mostram parecidas com você, que gostam de viajar, que curtem a natureza e tal, então tivemos muitos assuntos e o tempo – e as cervejas – passaram muito rápido e logo as meninas chegaram, para continuar o assunto – e a birita. Quando elas chegaram falamos sobre viagens, Fake Beckett, sobre o primeiro homem que foi grosso com a Paula, trocamos de mesa, de assuntos, de cervejas e foi então que a luz acabou. Antes de sermos praticamente expulsos do bar um homem ainda recusou nossa cerveja e parou de fazer barulho – pois me desculpe, não era música – com seu tambor perto de nós. Não lembro ao certo quantas cerveja tomamos no total, só sei que prometemos a dona do bar devolver os dois cascos que levamos para viagem. A volta para casa foi feita pela beira do mar. Paula e Flávio ficaram de papo com um português e o sereno novamente me fez muito mal. Ao chegarmos em casa fui dormir, enquanto os outros continuaram acordados até as 10 horas da manhã. Não é surpresa pensar em como foi o dia seguinte.


“Não sei se foi o whisky ou o coração partido, mas aquele foi um dos piores dias da minha vida” (PEREIRA Carol, 2016)

O dia seguinte foi tenso. Um daqueles dias em que juramos nunca mais colocar uma gota de álcool na boca. Minha cabeça parecia que havia sido atingida por uma bigorna e praticamente criei raízes no sofá da sala. Paula estava em pior estado, mas eu era a que mais reclamava, não só pela fome ou pelas bananas, mas pela dor que sentia em minha cabeça, ainda mais quando começamos a relembrar outras ressacas e eu lembrei daquela de 2010 e fui obrigada a criar a frase “Não sei se foi o whisky ou o coração partido, mas aquele foi um dos piores dias da minha vida”.
Como tínhamos acordado às 17 horas, fomos almoçar/jantar, depois das 20 horas. Apesar de ter sido um dia morto e no qual de fato choveram os 85 milímetros previstos pelo Clima Tempo, foi um daqueles dias em que pensamos que quando estamos com pessoas que realmente gostamos podemos ficar sem fazer nada e mesmo assim teremos bons momentos.
Momentos eternizados pelas piadas do Flávio ou pelas perguntas de Paula:
Qual seria o seu superpoder?
O que você faria se fosse louco?
Se pudesse ressuscitar uma pessoa, quem seria?
De qual momento da história você participaria?
Qual seria o seu decreto presidencial?
E também por algumas respostas, uma delas sendo a Princesa Isabel, que nos acompanhou durante todo o resto do feriadão – ela, Gloria Pires, Daniel Galera e Cate Blanchett.
Era dia de jogo do Brasil – PS: eu ainda não superei o 7x1 – e Flávio torceria para o Uruguay, eu e Fim, estavamos assistindo o jogo que começou com pinta de goleada, mas logo não passou de um empate, para a alegria dos uruguaios e simpatizantes.

Depois do jogo fomos aos jogos, - pois ir a Garopaba e não jogar também não faz sentido - iniciando pelos de cartas, que estavam demasiadamente difíceis para minha cabeça – eram extremamente complexos, tipo... pife. Depois passamos ao Perfil e um outro jogo de respostas, que era nível Nerd Extremo – e eu adorei. Terminamos a jogatina com STOP, onde eu pude zoar Aline e Paula, que passaram a tarde inteira em um árduo debate para combinar qual das duas ressuscitaria Elis Regina e não lembraram dela em cantor ou cantora quando a letra do Stop era E. Pior que isso foi só eu deixar cantor e cantora em branco quando a letra foi P.


“Adios Sol”

Acordamos cedo e fomos às compras, pois estávamos sem mantimentos. Após nosso café da manhã reforçado – que foi totalmente utilizado para falamos de beijos lindos de novelas e sobre Queridos Amigos - aproveitamos o dia maravilhoso que fazia em Garopaba para dar um giro entre algumas praias.

Iniciamos dando uma olhadinha na praia do Siriú, infelizmente não foi possível ir até a cachoeira ou às piscinas naturais, mas certamente elas estão em nossos planos para nossa próxima viagem. Fomos novamente até aquele mirante – visita da Raíssa Feelings – com as escadarias de madeira. A vista é sempre magnifica, mas infelizmente foi lá que o chapéu de Fim se foi. Ele acabou sendo levado pelo vento e apesar de nossas tentativas de resgate, ele lá permaneceu. O jeito foi superar e continuar o passeio. Passamos pela praia principal e fomos até o centro histórico.

O centro histórico é um capitulo único da rica história de Garopaba. As casinhas dos pescadores retratam que tudo começou por essa área da cidade – nossa eterna incógnita continua sendo em qual delas a personagem de Galera morou, no livro Barba Ensopada de Sangue. No centro histórico podemos ver os pescadores que como na grande maioria das cidades históricas do litoral catarinense, são pessoas trabalhadoras, que extraem do mar a riqueza do pescado, acordando antes do sol raiar, saindo nas embarcações que pintam o mar fazendo com que ele fique mais colorido do que o arco íris no céu.

Quem vê esta gente indo e vindo ao mar – dia após dia – sabe o valor deste trabalho e este cenário é tão simples e ao mesmo tempo tão enriquecedor que quem o presencia é levado a refletir sobre a vida e seus desdobramentos cotidianos. Ficamos um bom tempo sentados na escadaria da igreja apreciando o movimento tranquilo do centro histórico, alguns apenas aproveitando a brisa, outro se imaginando como pescadores, executando aquelas funções e desfrutando daquela tranquilidade todos os dias. Imagine isto acontecendo diariamente nesta parte da cidade: pescadores que consertam suas redes, retocam as cores vivas de suas embarcações e depois alegremente lançam-se ao mar. Emocionante. Garopaba oferece um cartão postal vivo e em cores, muitas cores, cotidianamente.

Em meio a esse cenário surge mais uma pergunta “a la” Paula, porém elaborada por Flávio “E se você tivesse um barco, qual seria o nome?”, resposta fácil, o meu seria: Carol Khaleesi.
Dali fomos até a prainha e enquanto Paula, Fim e Flávio foram até uma galeria de arte, eu e Aline fomos para a beira do mar... foi difícil encontrar um local para sentar, a maré estava muito cheia e quase não sobrava espaço nenhum na faixa de areia. A ideia era ver o pôr do sol dali com os outros, mas como ainda levaria algum tempo e porque não estávamos em lugar muito confortável por causa da maré, resolvemos seguir e ver o pôr do sol do alto da colina da igreja, mas não sem antes os meninos darem um mergulho e falarmos um pouco sobre nosso mapa astral.

A ideia do pôr do Sol foi sensacional. Agora tenho em minha memória mais algumas cenas lindas que levarei comigo por muitos anos.

Quando assisto a lindos pores do sol, acompanhada de pessoas amadas é impossível não lembrar do poema de Villaró. Sempre em silêncio, recito algumas partes dele, entre elas minha favorita “Chau Sol…! Gracias por provocarnos una lágrima, al pensar que iluminaste también la vida de nuestros abuelos, de nuestros padres y la de todos los seres queridos que ya no están junto a nosotros, pero que te siguen disfrutando desde otra altura”.
Ainda ficamos mais um tempo por lá jogando a nossa versão de Qual É A Música e cantando algumas músicas lado B do Kid Abelha. Depois voltamos para casa para nos arrumarmos para ir até o Setentaesete, nosso restaurante preferido em Garopaba. Meu vinho favorito estava em falta, mas provei outro que ainda estou em dúvidas se ocupará o cargo – de novo vinho favorito – ou não. Jantei um salmão maravilhoso e entre as conversas tivemos até mesmo um momento de Laura Muller.

Em casa ficamos na rede conversando, até eu não aguentar mais e ir dormir na sala – já que fiquei com medo de subir, por causa do Anjo das peras, que me assusta desde a Páscoa passada – quando Aline subiu me chamou e juntas subimos.


Num domingo qualquer, qualquer hora, ventania em qualquer direção

Não acordamos tão cedo quando gostaríamos, mas o dia foi memorável. Almoçamos e fomos ao Mirante das Antenas. O lugar é perfeito para quem quer ter uma visão ampla de toda a cidade de Garopaba. Lá de cima temos a visão de um perfeito cartão-postal, pode-se ver tanto a parte central quanto a parte do Siriú, que é a praia mais extensa de Garopaba. Dotada de uma beleza ímpar, tem em sua geografia rios, dunas, lagoas, praias e vegetação nativa da Mata Atlântida brasileira. Lá de cima tiramos lindas fotografias e passamos um bom tempo apenas desfrutando da paisagem.

Do Morro das Antenas seguimos até a Silveira que é o point dos surfistas e dos apreciadores dos esportes ligados ao mar, lugar que também é de uma beleza inigualável. Lá resolvemos praticar Ioga – ou pelo menos tentar. Quem olhasse de longe poderia ter a impressão de que eu estava tentando entrar de cabeça na areia, mas na verdade estava sendo apenas uma aluna aplicada fazendo o que Paula ensinou. Não deu muito certo.

Para finalizar tiramos uma bela foto e Paula ficou literalmente encantada!
Fomos para casa na maior correria, pois ainda tínhamos que arrumar tudo antes de sair. Acabamos nos atrasando e um congestionamento, devido a um buraco imenso no asfalto provavelmente formado pelos 85 milímetros de sexta, acabaram fazendo com que eu perdesse o ônibus e os meninos tiveram que me levar em uma perseguição desenfreada ao ônibus da Reunidas até Rancho Queimado. No final deu tudo certo, graças a eles.


Mais uma vez Garopaba me encantou. Mais uma vez renovei minhas energias e vi o quanto somos tão parecidos, apesar de nossas diferenças tão evidentes. Mais uma vez, aguardo ansiosa nosso próximo encontro. 

Ps: Combinamos de cada um escrever um conto envolvendo Garopaba, em breve serão divulgado! 

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