2013 - Urubici

Urubici em dose tripla

Bom, Urubici está em meu roteiro de viagem desde quando eu era muito pequena. Minha tia é urubicience e enquanto morava aqui ia periodicamente visitar seus pais que viviam lá, vez ou outra eu a acompanhava. O que tinha de mais marcante nas viagens era que certamente eu ficaria enjoada descendo a Serra do Panelão. Eu gostava da cidade, era diferente de Alfredo, não só pelo clima, por ter aquela avenida imensa, ou aquela Catedral linda - na qual me perdi aos 3 anos de idade no casamento de meus tios - mas também pelo sotaque do povo e até mesmo pela aparência, morenos com a bochechinhas vermelhas. A família da minha tia morava – e ainda mora, hoje em dia até mesmo ela mora lá – na esquina, um dos mais famosos bairros de Urubici. Seu pai tinha uma lanchonete e nas paredes existiam algumas fotos da época em que ele era caminhoneiro e uma delas era da Serra do Corvo Branco e ela sempre me chamou muito a atenção. Nessa época eu ouvi inúmeras histórias não só sobre essa serra mas também sobre o Morro da Igreja e as abundantes neves que já caíram na região, porém nunca tinha visitado esses locais. Isso só foi acontecer bem mais tarde, no ano de 2010.
Eu estava na Argentina e vi no noticiário que estava nevando aos montes na Serra Catarinense, lamentei. Eu nunca tinha visto neve e justo agora que ela estava caindo praticamente no quintal de minha casa eu estava muito longe e certamente ela não duraria tanto a ponto de eu ainda poder vê-la. A sorte foi que eu me enganei. Na mesma semana que eu voltará da Argentina voltou a nevar, na sexta-feira da semana que voltei era feriado, e após conversar com uns amigos de Urubici fiquei sabendo que apesar da neve já ter caído a três dias, ela ainda permanecia acumulada. Por mensagem no meio da madrugada combinei com Joice
– uma amiga que trabalhava como professora no Silva Jardim – para subirmos a serra no dia seguinte.
Acordei meio sem saber se a minha conversa por SMS no meio da madrugada tinha vingado e para minha surpresa Dona Joice chegou na hora marcada e sem demora estavamos na BR – 282, com destino ao Morro da Igreja. Já na subida pudemos ver que os campos no alto do morro ainda estavam branquinhos, mas mesmo diante dessa visão não pensamos que encontraríamos tanta neve lá em cima – já que ela já havia caído a alguns dias. O local estava cheio de turistas e a reação, independentemente da idade ou classe social era a mesma... todos pareciam bobões. Uns rolavam na neve, outros a jogavam pra cima para tirar fotos como se ela estivesse caindo e alguns queriam até comer a neve. Nós, para não destoar fazíamos o mesmo.


Lá de cima, a paisagem parecia de algum filme norte americano ou europeu. Aos 23 anos, foi a primeira vez que vi neve e apesar de ser uma neve tupiniquim, neve é neve em qualquer lugar, não é mesmo? A água estava congelada, o frio era intenso, mas maior que o frio só a euforia que todo mundo estava sentindo.
Pisei em um buraco e molhei meu pé em um água que beirava o congelamento, mas continuei a andar pela neve, como se estivesse vivenciando a primeira neve do inverno de Star Hollow. Em minhas andanças pela neve encontrei uma câmera que era tão igual à que eu tinha que não por mero acaso chegava a ser a minha – perdi minha câmera e a encontrei antes mesmo de perceber que tinha perdido. Lá em cima fizemos até um boneco de neve, chamado Mandarim.


Após conseguirmos praticar o desapego e nos separarmos da neve fomos até a Serra do Corvo Branco.
Meus pés estavam começando a encarangar, já que a temperatura estava muito baixa e eles estavam molhados. Nossa passagem foi breve, mas o tempo foi suficiente para conhecermos um pouco da exuberância do lugar. O local só foi melhor explorado esse ano, em nova visita a cidade e acompanhada por meus alunos e tendo como guia meu amigo Reginaldo – professor de geografia do Silva Jardim.
Vale a pena ressaltar que um dos acessos até a serra ocorre pela cidade de Urubici, porém a Serra do Corvo Branco fica dentro dos limites do município de Grão-Pará. A Serra é um emaranhado de escarpas e montanhas por onde passa
a estrada. No ponto mais alto, a estrada cruza dois paredões de 90m, o maior corte vertical feito em rocha no Brasil. O que vem depois são sinuosas e perigosas curvas com 5 km de descidas íngremes e precipícios. Do alto da Serra consegue-se avistar boa parte da planície catarinense e várias formações de cânions e vales profundos. O local recebe este nome devido a uma ave de rara beleza, conhecida como Urubu-rei. Esta ave, de plumagem branca e alguns detalhes coloridos, desconhecida pelos habitantes locais, foi apelidada erroneamente de corvo, originando o nome Corvo Branco. Finalmente em 2013 pude constatar a grandeza da fotos de Seu Alcione – pai de minha tia – que certamente merecia o troféu “volante de ouro” por passar com um caminhão a décadas atrás por um trajeto tão sinuoso. Lá de cima podemos ver o quão complicado o caminho se faz para os caminhoneiros.

Ainda abro espaço para comentar sobre minha nova visita ao Morro da Igreja. Em um dia de não rara beleza pude avistar a Pedra furada e imortaliza-la em minhas fotografias. A história da Pedra Furada tem como fundamento diversas lendas a tornando um mistério para muitos, porém para nosso professor a origem do furo nada mais é do que uma forma de “erosão”, causada pelos ventos – notem as aspas na palavra erosão, tenho certeza que não foi essa a palavra usada na explicação, mas através dela vocês conseguem entender o que eu quero dizer né? – O buraco visto de longe parece pequeno, mas possui mais de 30 metros
de circunferência. E segundo nosso “guia” pode-se chegar até ele por uma trilha. Fiquei interessada neste passeio, se de fato essa trilha existir eu gostaria de faze-la. Fora a visita em ocasião da nevasca de 2010, eu tinha estado no alto do morro mais uma vez, no ano de 2011. Nunca em minha vida tinha passado tanto frio. O termômetro marcava -5,7 graus, porém a sensação térmica era de – 17 graus. O vento era lancinante e se manter de pé fora do carro dispendia de um esforço descomunal.
Voltando ao ano de 2013, do alto do morro a vista é maravilhosa, para qualquer lado que se olhe a paisagem é exuberante. Para completar 60 metros de altura, suas águas geladas descem por paredão de basalto cercada de mata nativa, infelizmente por causa da baixa quantidade de chuva o volume de água era muito pequeno, o mesmo ocorreu quando visitamos a Cascata do Avencal, que é uma queda livre de quase 100 metros (88 para ser precisa) ótima para os adeptos de rapel. Seu nome deriva de avenca, vegetação comum na região.
nosso tour por Urubici nosso último destino foi a Cascata Véu de noiva. No Aparados da Serra Geral, está a Cascata Véu da Noiva, uma cachoeira sobre o rochedo ondulado. Esta cascata tem o formato de um véu, o que deu origem ao seu nome. Com aproximadamente

Bom é isso, um pouquinho sobre Urubici, uma pérola na Serra Catarinense, cidade das hortaliças onde apesar do clima ameno o calor do coração dos nativos aquece os turistas e o turismo da região serrana. 

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