2015 - Montevideo - Parte III

O que teve?

Teve amor;
Teve amizade;
Teve Porteirinha;
Teve Pony;
Teve Violão;
Teve Rambla;
Teve Patins;
Teve quadros, muitos quadros;
Teve muita Havana – para minha infelicidade;
Teve RRRRRRRAvi;
Teve gente que ia correr na rambla todos os dias mas não correu;
Teve seu Dori nos ensinando o que é força de vontade;
Teve feijoadas da Marlene;
Teve união;
Teve as últimas velas de minha vida;
Teve Realidade Aumentada;
Teve uma saudade que começou antes mesmo de tudo acabar.

Farei um resumo do que foram nossas quase quatro semanas no Uruguay.
Ir estudar em outro país é uma experiência maravilhosa e fora todo o conhecimento que agregamos com as aulas, já valeria pelo intercâmbio cultural.
Essa foi a última etapa presencial de nosso mestrado e firmou completamente nosso amor por Montevideo.
Dessa vez não exploramos turisticamente a cidade e sim outras cidades como: Colonia del Sacramento, Cabo Polonio e Punta Del Este. Em Montevideo conhecemos pouca coisa de nova, resolvemos foi viver intensamente essa fase de nossas vidas que estava sendo encerrada. Poderemos até nos reunir em Montevideo algumas vezes – e não tenho dúvidas de que faremos isso – mas não estaremos todos juntos dentro de uma sala.
Não teremos mais os conselho de Nara, o mau humor engraçado de Adauto, o sorriso a princípio tímido de Adélia, o chimarrão da Vanessa e da Luana, o carisma da Dona Laura, as histórias de Josirene que mostram todas as dificuldades que alguns colegas professores ainda passam, não teremos o Dennys passando frio, o Axil usando óculos escuro, a Noemi sempre observando, a Silvana ligada em 220, a Dona Michelle sempre prestando atenção, a Edneide fazendo colocações pertinentes, Edna sempre elegante, Marlene e Pati sempre em outro nível, falando de coisas que parecem de médico, Valéria sempre sorrindo, Anderson com seu vozeirão, Paula em seu cantinho tentando colocar ordem, Murilo sempre disposto a ajudar, Denise louca e eu falando feito uma papagaia. Isso nunca mais teremos.

Teremos uma amizade linda, que construímos ao longo de nossos três encontros. Irmãos de alma, amigos para todas as horas, mas nunca mais estaremos todos juntos. Então em tudo mesmo no início já existia um ar de nostalgia, uma saudade que existia mesmo antes de ser necessária.
Nessa fase fomos assombrados pelo quadro, um quadro que teve que ser feito e refeito dezenas de vezes... alterado, reparado e no meu caso, refeito do zero, já que meu tema foi dispensado pelo professor, mas de quebra recebi de presente um tema super interessante e que me fez sair de
Montevideo mega empolgada com minha tese e com uma professora interessada em me orientar.
Nossa primeira professora foi Canavesi, aque que na primeira fase me fazia tremer e que como nossa professora se mostrou uma pessoa maravilhosa, divertida e cheia de histórias interessantíssimas para contar. Ela é antropóloga e viveu 25 anos na Bolívia, estudando – entre outras coisas - os aborígenes. =P Tivemos aula de Cultura com ela e foi uma experiência maravilhosa, uma das melhores professoras que já tive me toda a minha vida. Foi demais.
Depois dela tivemos vários professores nos auxiliando para finalizarmos nosso quadro. Entre eles Diego – que mudou meu tema – Pablo – que fez eu cogitar o suicídio – Fernando – que me tirou da zona dos muito desesperados e Karina – que dispensa comentários por ser a nossa professora favorita desde a primeira fase e continuar fazendo por merecer, sendo uma verdadeira mestra, SEMPRE.
O professor Fernando é uma figura, o cara é demais. Muito preocupado em se fazer entender, uma pessoa divertida e comprometida. Suas aulas forma muito proveitosas e ele nunca perdeu o bom humor. “Cucalafuca” mesmo com a mistura de português, espanhol, inglês e italiano conseguimos entender tudo e ele é outro professor com o qual certamente manteremos o contato.
A prof Karina na última semana esteve sempre conosco, nas aulas, em jantas e em excursões até o Pony.
A qualificação do meu tema da tese foi outro capitulo a parte, eu estava mega nervosa e depois de já ter sofrido tanto para defender meu quadro tudo o que eu não tinha era segurança, e, como todos sabem sempre que fico nervosa eu começo a falar muito rápido, então todo mundo que estava assistindo fazia gestos sutis para eu falar com mais “espacio”. A minha surpresa foi imensa quando reparos mínimos foram sugeridos, finalmente cheguei ao final dessa etapa com um trabalho de qualidade, mas não foi nada fácil, foi mesmo um trabalho de construção.

Dessa vez ficamos no Continental. Nosso antigo lar era o Esplendido e trocamos o hostel praticamente em cima do Pony por um hotel com um pouco mais de conforto. A princípio a ideia não me agradou, mas no final das contas eu gostei, uma galera tava hospedada lá também e foi muito divertido. Denise e Manu – que voltou a estar conosco, depois da ausência de julho por causa do trabalho - quase tiveram que pagar uma diária compartilhada entre o Balmoral e o Continental, porque também estavam sempre lá conosco. Virou nosso ponto de encontro, eram lá que aconteciam nossos esquentas e vez ou outra nossos almoços e jantas, sempre 
preparados por ótimas cozinheiras como Valéria e Marlene.
O Pony continua o mesmo! Está para ser construído um bar onde a gente se divirta tanto quanto naquele. É uma energia diferente, um clima totalmente ímpar e o único local onde eu danço “bate forte o tambor” achando um máximo. No Pony, mais uma vez vivemos grandes emoções, uma noite gastamos milhares de pesos, em outra descobrimos que Denise é humana, os meninos chegaram até mesmo a serem barrados em uma dessas noites. Lá reencontramos nosso velho amigo Tesson e dançamos com Pedro. Koko Moreira continua com o mesmo repertório e ainda me reconhece como uma estrela de Hollywood. O Pony dessa vez nos deu até souvniers, canecos lindos. Até mesmo a professora Karina conseguiu um.
Em nossa segunda noite no Pony terminamos a noite na rambla e constatamos que além do Pôr do Sol de Montevideo ser lindo o nascer do sol também é de deixar qualquer um boquiaberto. Lá encontramos dois excelentes tocadores de violão e varamos a noite cantando!
Dessa vez passamos um domingo em Pocitos. E em Pocitos conhecemos também o Bar 21 – eu ainda prefiro o Pony, desculpe.
O sushi mudou de lugar e só reabriu quase no final de nossa estadia. Acabamos indo apenas uma vez lá. O lugar continua com o melhor sushi do Uruguay e lamento por não poder ter ido mais vezes.
Fomos de novo naquela feira – a maior feira a céu aberto do mundo – e mais uma vez fiquei encantada com a diversidade encontrada lá. Namorei livros e globos, mas não comprei nada.
Montevideo ficou mais animado com a visita de Dona Maria e Nina, que nos alegraram muito nos dias que por lá estivemos. Assim que chegaram me convidaram para jantar em uma cantina e lá comi o melhor entrecot de Montevideo. Como elas fomos até o “Café Brasilero”, aquele café que costuma ser frequentado por Eduardo Galeano, passeamos pela Ciudad Vieja, fomos até a livraria comprar um livro de realidade aumentada para Nina – no mesmo lugar no qual compramos o meu e que fomos obrigados a sair e tomar uma cerveja para usar a wifi de um bar e baixar o aplicativo – e lá não resisti e comprei o tal globo terrestre para enfeitar minha estante.
Nós também fomos andar de patins pela Rambla. Eu nunca tinha andado de patins, apenas de Roller e confesso que tive muito medo de colocar aquela coisa quadrada no me pé. Nina foi corajosa, colocou o patins e foi logo tentando se manter de pé, após ela se cansar foi a minha vez, Murilo me segurou pela mão, nos esboços de meus primeiros “passos” e foi difícil conseguir largar da mão dele para tentar andar sozinha. Foi difícil mas no final – tenho consciência de que super desengonçada – eu consegui. Morrendo de medo de cair de boca no chão. =)
Mais uma vez estávamos lá durante o carnaval e volto a dizer que aquela é uma experiência antropológica. Dessa vez consegui entender melhor toda a dinâmica do desfile inaugural. Prestigiar as murgas e no final o desfile belíssimo do candobe – mesmo depois de subir parecia que o candobe tava tocando dentro de meu quarto.
Tentar resumir essas 4 semanas em algumas páginas é quase uma injustiça, mas eu não poderia deixar de escrever algumas linhas para falar de alguns dos dias mais divertidos e intensos de minha vida.
Obrigada a todos que fizeram parte dessa fase de minha vida, que sofreram, que riram comigo, que compartilharam angustias e que acima de tudo entraram em minha vida para ficar para sempre.
Montevideo, conto os dias para te reencontrar.

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