Personalidades: Osvaldo Schweitzer – Vadinho

Por Carol Pereira
Alceu Schweitzer

Data de nascimento: 03 de maio de 1916
Data de falecimento 25 de outubro de 1982

Osvaldo nasceu no Barracão, local onde existiam a maior parte do comércio da vila. Filho de Alberto Schweitzer e Tercilia Schweitzer, tinha 4 irmãos.
Não largava do seu chapeuzinho típico e  trazia na cinta sempre um bom canivete para descascar uma laranja ou ajudar na hora do trabalho. Tinha como características de personalidade ser muito engraçado, brincalhão, dançador e contador de histórias e anedotas – piadas.
Aos 15 anos começou a namorar com Maria do Carmo Schelemper – conhecida como dona Mariazinha que foi a primeira servente da Escola de Educação Básica Silva jardim - com quem teve 9 filhos - Vilson Alberto Schweitzer, Ilza Schweitzer Almeida, Amélia Schweitzer(in memoriam), Dirceu Schweitzer, Olga Schweitzer da Silva, Braulio Schweitzer (in memoriam) 

Osvaldo Schweitzer filho, Edio Schweitzer e Raquel Schweitzer Peron.  A família do senhor Vadinho sempre muito alegre e unida passou por uma grande tragédia. Amelinha filha do casal, com apenas 4 anos, foi atropelada na frente da casa onde moravam e veio a falecer. Foi um perda muito dolorida e inesperada. As crianças brincavam de “pegar carona” atrás das carroças que passavam, Amelinha e o primo ao ouvirem o barulho de um caminhão se soltaram e não deu tempo para que a menina chegasse ao outro lado da rua. Os irmãos mais velhos assistiram à cena e a mãe que tinha ido levar um outro filho ao médico foi chamada às pressas. A dor de Vadinho ao perder a filha de forma tão triste foi algo que ele sempre lembrou ao longo da vida.

Tentou a vida em Lages, levando toda a sua família para
 essa aventura,  mas não tendo sucesso retornou a sua amada terra....
Sempre gostou de mexer com bichos – criava galinhas e tinha sempre um cavalo para o seu lazer e também para trabalhar. Ele não admitia maus tratos para com os animais, sempre que via algum cavalo magro e maltratado ele o comprava, engordava e quando ele estava saudável e bem tratado o vendia. Ficou conhecido como um pequeno mercador que comprava alguns alimentos como queijo e linguiça para vender nas cidades vizinhas em sua carroça. O fato de gostar de animais marcou toda a família, principalmente os homens, que até hoje cultivam esse
gosto criando cavalos e bois.  Mais tarde trabalhou como açougueiro com Quiliano Heiderscheidt , Paulo Bum e posteriormente com Luiz Carlos Onofre.
Vadinho tocava bateria em uma banda que se chamava Jazz Familiar. Junto com ele faziam parte da banda: Titi – Arcidio que tocava Saxofone , Nato – Renato que tocava gaita, Vito – Lazaro de Almeida que tocava gaita, Gordo – Valdenir que tocava trombeta, Ameixa –
Zelito que tocava pistão; além de Edilberto, mais conhecido como Eti, que tocava 23 instrumentos, entre eles: trombone, clarinete, bamdonia, gaita e saxofone. As festas no clube e no salão do Seu Talico eram animadas por essa orquestra.  
Seu Vadinho era figura certa nas festas do Antigo Barracão. Sua mãe insistia para que ele e os irmãos fossem aos carnavais fantasiados de mulher e ela ficava com as crianças para que as noras fantasiadas de
homem também fossem as festas. Era participante ativo dos “Intrudos” – festa comum nos carnavais que envolvia blocos de foliões que se divertiam jogando farinha e água uns nos outros. Além do carnaval uma festa que seu Vadinho e a família sempre frequentavam eram os antigos casamentos caipiras realizados no clube. Um comboio de carroças vinha desde o Barracão até o clube. Seguido por dezenas de pessoas que
seguiam cantando e dançando, enquanto os noivos iam na frente, soltando foguetes.
Vadinho sempre foi um apaixonado pela vida e ainda nos dias de hoje é lembrado pelo seu jeito sempre bem humorado. Era amigo de velhos e jovens e nas festas sempre estava cercado por pessoas que quase sempre estavam rindo de suas divertidas história.
No leito de morte ele disse a seu filho: “Meu filho, eu não quero morrer”. A paixão pela vida o fez viver intensamente e hoje ele permanece vivo na memória daqueles que o amaram.
Não era homem de muitas poses, mas deixou uma enorme herança a seus descendentes: O amor e a união. Mesmo hoje, passados mais de 30 anos de sua marte, filhos e netos ainda falam nele como se ele ainda estivesse vivo e não conseguem esconder a saudade eterna que sentem de Vadinho.

Causos e histórias contados por Vadinho
Casa mal assombrada da Boa Vista
Na época que se transportava mantimentos do Barracão até a Palhoça de carreta puxada a cavalos, existia na Boa Vista uma casa abandonada onde os carreteiros e tropeiros sesteavam. A casa tinha fama de ser mal assombrada, diziam que apareciam fantasmas, almas penadas debaixo do assoalho, que erguia e abaixava, fazendo as tábuas rangerem. Não tinha quem parasse mais naquela casa, todos tinham medo daquelas almas.
Vadinho não tinha medo de fantasmas nem de assombrações e certa vez, voltando de Palhoça resolveu que naquele dia pegaria o tal fantasma.
Se preparou, bebendo umas canas e resolveu que passaria a noite na casa e encararia a tal alma penada.
Lá pelas tantas da madrugada o barulho começou, o assoalho erguia e abaixava, as tábuas se mexiam, mas vadinho não correu. Resolveu que ergueria as tábuas para ver o que tinha lá embaixo. Assim que as levantou percebeu que não era fantasma coisa alguma e sim uma porcada que vinha dormir embaixo da casa.
Vadinho contava a história e ria dos homens que ficaram com medo da porcada.


O defunto jogador de torrões

Na época em que o cemitério antigo de Alfredo Wagner ficava no Barracão, no terreno onde hoje fica a igreja matiz, a estrada bem mais estreita do que é hoje passava bem em frente ao cemitério. Certo dia foi enterrado no cemitério um vivente e ninguém mais tinha coragem de passar pela frente do cemitério, somente os mais corajosos se atreviam.
Como Vadinho adorava pregar uma peça nos amigos, revolveu que a noite assustaria o João Bugiu – um de seus amigos.
Assim que a noite caiu Vadinho se escondeu dentro do cemitério, esperando o amigo passar. Como naquela época só existia luz de lampiões a querosene, o vivente vinha cambaleando – de bêbado – e Vadinho pega um torrão de terra e joga na estrada, bem em frente a João Bugiu. O susto foi grande, João suando frio gritou: “Oooooh defunto, se tu és macho joga outra”. Vadinho não esperou nem João Bugiu terminar de falar e jogou o segundo torrão, este mirando bem no peito do amigo.
Quando viu que o defunto era macho e tinha jogado outro torrão o porretaço chegou a passar e João Bugiu, deu meia volta e saiu em disparada.
Vadinho foi esperto e correu por trás do cemitério, queria chegar antes de João ao destino, que sabia bem qual era; Joao iria direto até a casa do delegado, que era o pai de Vadinho, Alberto Schweitzer, que também não tinha medo de nada, mas conhecendo bem o filho que tinha, já sabia que o tal defunto jogador de torrões era obra de seu filho, mas manteve segredo.
Foi até o cemitério averiguar o tal defunto, mas não encontraram nada, o fato é que João Bugiu passou muito tempo temendo o tal defunto jogador de torrões.

O feitiço virou contra o feiticeiro

Cavaleiro que só ele, caprichoso, com suas encilhas e com seu animais, nos finais de semana era quem podia mais. Sempre queria andar garboso pela praça e o grande “point” do Barracão era o boteco do Talico. Era lá que todos se encontravam para beber umas canas e contar causos.
Vadinho sempre gostava de fazer sacanagens, em frente ao boteco tinha o estacionamento para os animais, na qual todos amarravam seus pingos, porém Vadinho amarrava seu cavalo na área em frente a casa de Talico, com o passar das horas o cavalo sujava a entrada da casa, o que deixava do Talico – seu irmão - muito bravo. Todo final de semana ele fazia o mesmo, não adiantava pedir.
Até que em um final de semana Talico disse a sua esposa: “Hoje o Vadinho me paga Julita”.
Assim que Vadinho chegou e amarrou o animal na área da casa, como de costume, Talico saiu escondido, retirou o pelego do cavalo – um manto sagrado para Vadinho – e colocou em baixo do animal. Com o passar das horas o pelego ficou imundo, com toda a sujeira feita pelo cavalo. Vadinho que gostava tanto de fazer sacanagens aos amigos desta vez tinha sido sacaneado pelo próprio irmão, mas aprendeu a lição, deste dia em diante ele nunca mais amarrou o animal na área do irmão.

Baile do “preto” e baile do “branco”

Antigamente existia muito racismo e os bailes eram divididos: Baile dos “pretos”- negros – e de outro lado o baile dos “brancos”.
Vadinho era amigo de todos, de pretos e de brancos e tinha entrada livre nos dois bailes.
Certo dia colocaram na cabeça dele para que ele fizesse uma sacanagem no baile dos pretos, como sacanagem era com ele mesmo ele aceitou: entrou no Baile com seus amigos pretos e lá pela meia noite, tirou do bolso pimenta e jogou no salão sem ninguém ver. O baile acabou, mas em seguida descobriram que tinha sido ele e o pau comeu! Bateram tanto em Vadinho que ele só apareceu em casa uns quatro dias depois.
O tempo foi passando e ele foi acertando as contas com seus amigos na sua maneira.

Informações transmitidas por:
Olga Schweitzer da Silva
Alceu Schweitzer
Elizete Schweitzer Coelho
Elâine Aparecida Almeida Rossini
Aluna: Illana Bondavalle

Correções: Ana Paula Kretzer

Comentário de seu neto Alceu.
Parabéns a você Carol Pereira que vem resgatando a História de Alfredo Wagner, falando de pessoas que marcaram esta terra, com trabalho, com lutas, com festas, e obrigado por falar de meu avô, que todos conheciam como seu Vadinho, Meu avô, meu Pai, meu Irmão, meu amigo, eu era o neto mais velho, e afilhado, nossa amizade era tão grande, e aprendi com ele a coisa mais importante e muita gente não se da conta, aprendi a viver a vida. Muita gente poderia pensar escrever sobre a vida de seu vadinho seria fácil, para escrever estas 6 ou 7 linhas deste depoimento já ri, já chorei, um exemplo recente de amizade entre neto e avô, em nosso município foi o Ramon e seu Rogério, o recado é para os jovens vivam intensamente seus entes queridos seus bisavós,seus avós, seus pais, sejam amigos deles, ai um dia você vai ter orgulho de falar dele, este legado foi deixado por meu avô VADINHO. No natal vai achar teu presente, vamos limpar uma galinha, vai buscar água para o vô, vai pegar o cavalo vamos buscar tia zilma no caeté, vai cortar trato para égua, vamos buscar lenha nas demoras, domingo tu vai jogar no maracujá já esta marcado, vamos comprar tua aliança é meu presente, nasceu minha bi............, a se tivesse celular ou fac no céu queria saber qual a minha próxima missão.
Alceu Schweitzer

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2 Comentários

  1. Parabéns a você Carol Pereira que vem resgatando a História de Alfredo Wagner, falando de pessoas que marcaram esta terra, com trabalho, com lutas, com festas, e obrigado por falar de meu avô, que todos conheciam como seu Vadinho, Meu avô, meu Pai, meu Irmão, meu amigo, eu era o neto mais velho, e afilhado, nossa amizade era tão grande, e aprendi com ele a coisa mais importante e muita gente não se da conta, aprendi a viver a vida. Muita gente poderia pensar escrever sobre a vida de seu vadinho seria fácil, para escrever estas 6 ou 7 linhas deste depoimento já ri, já chorei, um exemplo recente de amizade entre neto e avô, em nosso município foi o Ramon e seu Rogério, o recado é para os jovens vivam intensamente seus entes queridos seus bisavós,seus avós, seus pais, sejam amigos deles, ai um dia você vai ter orgulho de falar dele, este legado foi deixado por meu avô VADINHO. No natal vai achar teu presente, vamos limpar uma galinha, vai buscar água para o vô, vai pegar o cavalo vamos buscar tia zilma no caeté, vai cortar trato para égua, vamos buscar lenha nas demoras, domingo tu vai jogar no maracujá já esta marcado, vamos comprar tua aliança é meu presente, nasceu minha bi............, a se tivesse celular ou fac no céu queria saber qual a minha próxima missão.
    Alceu Schweitzer

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  2. Muito interessante saber esses fatos. Parabéns pelo trabalho. Fabiana Schweitzer, neta de Hélio Schweitzer(Zequinha)e Zilda Schwambach (do antigo Barracão), filha de Vânia Suely Schweitzer

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