Trekking Pedra Branca

No último dia 02 de maio, acompanhada por um grupo de 21 pessoas (incluindo o guia), subi até o alto da “Pedra Branca” uma das “montanhas” mais conhecidas de Alfredo Wagner, com cerca de 1666 metros de altitude.
A aventura começou pela madrugada, partindo do centro de Alfredo Wagner às 5h45 da manhã e seguindo até a Pedra Branca, na Hospedaria das Montanhas, a cerca de 25 km do centro. A hospedaria funciona como um centro de referência para aqueles que decidem se aventurar pelas trilhas da região. Seu Edilio, nosso guia, mora ali há 40 anos e, sua esposa, além de ser excelente cozinheira, também foi professora da comunidade. O casal vive uma vida tranquila e vê no turismo rural - que está ganhando força na região - uma forma de complementar a renda e acumular histórias dos turistas que por ali já passaram, além de algumas fotos que ornamentam as paredes da cozinha, mostrando imagens das dezenas de trilhas já realizadas.
Saímos da Hospedaria das Montanhas às 7:30 da manhã, para 30 km de caminhada - não estou plenamente segura disso - que levaria cerca de 11h com algumas paradas para os lanches. Nem os mais animados tinham ideia da paisagem que encontraríamos lá em cima, o que fez todo o esforço valer a pena. Após deixarmos os carros, iniciamos a caminhada que, no começo, acontecia em meio a pastagens, atravessando alguns riachos e aos poucos ia adentrando uma mata cheia de nascentes e árvores centenárias. A subida se deu em ziguezagues e foi marcada por alguns escorregões, tombos e 
muitas risadas. Do ponto inicial até o alto do primeiro morro
são cerca de 2h30 de caminhada e 1.480 metros de altitude. Chegamos ness ponto para o café da manhã e confesso que fiquei desanimada, pois a neblina tomava conta do cenário e não tínhamos vista alguma. Porém, após terminamos a nossa refeição a neblina se dissipou um pouco, permitindo que continuássemos. Nosso café da manhã foi a base de linguiça - como faziam os tropeiros -, barras de cereal e gatoredes.  
Logo após o café chegamos ao trecho mais tenso de nossa aventura, o Facão. O local tem esse nome por ser uma passarela de pedra com cerca de 3m de largura com precipício dos dois lados. A neblina fazia a tensão aumentar pois só víamos uma imensidão branca abaixo de nós. Passada essa etapa e um pouco adiante o tempo fechou literalmente, de novo. A neblina veio junto com um frio intenso e cogitamos voltar, já que daquele jeito não conseguiríamos avançar, mas, alguns minutos depois, o tempo começou a abrir novamente. Mais alguns metros e chegamos ao peral branco. Um estrutura imensa de pedra que se projetava a poucos metros de nós.
Dali ainda tínhamos mais 1h de caminhada até a Pedra Branca. Subimos mais um pouco, o que exigiu bastante de nós, pois era bastante ingrime. Logo chegamos a uma espécie de mirante de onde se podia avistar todo o esplendor da mata nativa que, na maior parte, ainda é mata virgem. Mais 30min de caminhada e o próximo destino seria o alto da Pedra Branca. 
Nem em meus planos mais otimistas pensei que fosse encontrar uma vista tão magnifica lá em cima. Por mais piegas que a frase possa parecer a vista é “de tirar o fôlego”. É de uma exuberância singular, algo estarrecedor. Primeiro permaneci boquiaberta contemplando a paisagem e com certo receio, diante da imponência da borda da montanha, depois, aos poucos fomos criando intimidade - eu e a montanha -, o que me permitiu contemplar a vista por todos os ângulos, até mesmo deitada com parte do corpo além da borda. 
Lá em cima ainda teve o “tira teima”: Será que se jogarmos um objeto leve lá de cima ele realmente volta? Volta… é incrível! Jogamos alguns pratos de papelão e após cair alguns metros eles voltavam a subir, em um efeito bumerangue! Muitas vezes viajamos tanto para conhecer coisa bonitas e não conhecemos belezas como essa, que ficam a poucos quilômetros de casa. O lugar é realmente maravilhoso e vale a pena todas as horas de caminhada. Aproveitamos a bela paisagem para almoçar, conversar, tirar fotos e recuperar um pouco da energia para a volta.


A volta ainda reservava belas paisagens, algumas que ainda não conhecíamos devido à neblina intensa que nos acompanhou durante boa parte do caminho, mas que resolveu ir embora ao chegarmos no alto da serra - graças a Deus. Nosso guia resolveu pegar um atalho e por lá a trilha se tornou uma “grota” sem fim, uma descida por meio de pedras, espinhos e muito banhado. Fui obrigada a encontrar um “cajado” que, na verdade, não passava de um galho que todos 
passamos a usar para ajudar no apoio. Após esse trecho sinuoso, nos distanciamos um pouco de parte do grupo que ficou para trás e seguimos nosso guia alternativo, o Ma… porém ele nos levou para um caminho estranho onde conhecemos as famosas turfeiras, nome local para um tipo de vegetação rasteira, “esponjosa”, que acumula água e é o terror de quem caminha pelos alto das serras catarinense e gaúcha. O terreno era muito úmido devido a essa forma de vegetação e entrei em pânico com medo de enfiar meu pé em uma turfeira e vir com uma cobra ou algum outro animal grudado. Quem ainda não tinha molhado os pés pôde sentir esse prazer, inclusive eu, com a água entrando por cima da minha bota. Quem vinha mais atrás acompanhado por seu Edilio não estava tendo esse problema, pois veio costeando a borda da serra. Por isso resolvemos voltar e acompanhá-los, porém, assim que chegamos até eles, tivemos que voltar pelo mesmo caminho por onde tínhamos vindo, ou seja, andamos ainda mais pelas turfeiras. Enfim, as turfeiras acabaram e a vida se tornou boa novamente. Nosso próximo desafio era cruzar novamente o Facão, dessa vez sem a neblina para ocultar os penhascos. A vista é maravilhosa: 360º de exuberância natural.

A descida pela trilha fez nossos dedos dos pés doerem e nos divertimos muito com os escorregões e tombos que levávamos. No final da trilha fizemos uma sapecada de pinhão e, com mais uns 30min de caminhada, finalmente encontramos os carros.
Um delicioso jantar ainda nos esperava na hospedaria. Preparada por dona Ivone, tínhamos pamonhas - sem mentira, as melhores que já comi - aipim, galinha caipira, arroz, maioneses, uma grande variedade de saladas, bolos, cucas e uma deliciosa sobremesa de coco.
E assim, por volta das 18:30 voltamos para a casa, cheios de belas recordações, fotos e a certeza de que realmente, nossa Alfredo Wagner não para de nos surpreender com sua beleza.

Contato Hospedaria Montanhas
Telefone - 48-8412-4383


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