Diário de Bordo UY - 16\01

Algunos apuntes para poner en la carpeta...

Essa foi sem dúvida a frase mais ouvida nos últimos dois dias.
Como podem perceber não tenho tido tempo de escrever meu diário de bordo, a aula me ocupa todo o tempo e ao contrário do que alguns de meus amigos tem pensado eu não estou vivendo uma vida de boêmia no Uruguay.
Como relatei nossa primeira professora foi um amor, realmente encantadora, falava pausadamente e tinha muita preocupação em se fazer entender e, em nos entender. Tivemos aula com ela na segunda e na terça. Na aula de terça ela nos levou para visitar O Museu Pedagógico José Pedro Varela, que é um antigo internato comandado pela igreja católica onde as moças que tinha a intenção de serem professoras ficavam estudando e aprendendo o oficio. O lugar é bem interessante e traz um vasto acervo de materiais que ajudavam no ensino das ciências humanas e naturais nos séculos passados. Gostei da visita e pudemos até mesmo escrever com um caneta tinteiro.
Minha turma se mostra bastante unida, nos preocupando uns com os outros e colaborando com nossos colegas sempre que possível, acho que temos um certo espírito de cumplicidade, provavelmente por estarmos todos longe de casa.
Na quarta-feira o bicho pegou. Acostumados com a cordialidade de Karina, quase morremos quando nos deparamos com Doutora Diva. Eu e Diego já havíamos percebido na apresentação dos docentes que a senhorinha seria osso duro de roer, porém nas primeiras horas da aula pensei que seria impossível roer aquele osso. Brava e com um espanhol incompreensível, Diva quase me fez chorar de desespero. Bradava sem parar: poner en la carpeta, poner en la carpeta, poner en la carpeta!!! Onde está reflexão? La reflexión? Donde esta la reflexión? Enfim, foi terrível, nos passou mil trabalhos e ontem fiquei até a meia noite passando meus “apuntes” a limpo para entregar na segunda, lendo e fazendo um trabalho. Diva me parecia uma megera, até que em algum momento da aula de hoje meu conceito sobre ela mudou, acho que foi depois de ver ela rindo ou saltitando, na dinâmica proposta por uma das equipes que apresentaram o trabalho e, o que seria o previsto aconteceu, me encantei pela velhinha e queria abraça-la.
Acho que ela pouco me entendia, mas em alguns momento só eu que compreendia o que ela falava e repassava para a turma. No final das contas parece que ela foi com a minha cara. Doutora Diva tem coração.
Não sei se foi a situação de ontem, onde me senti um pouco perdida na aula ou se é a saudade que estou sentindo de casa, o fato que estou muito carente – pode ser a TPM também – e com vontade de chorar, não estou conseguindo falar com ninguém lá de casa, a única pessoa que me responde esporadicamente é Henrique e acha que quero falar com a mãe porque preciso de dinheiro. =S
Amanhã temos professor novo, vamos ficar na torcida para que ela não nos deixe em desespero.

A única coisa turística que fiz nesses últimos dias além de ir ao Museu foi descer até a rambla e ter a linda vista do imenso Rio de La Plata. 


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